O meu livro garrafa

domingo, 29 de junho de 2014

Gerúndio

Vou estando ocupada, sendo feliz.
Filtrando à partida o que me perturba, porque sim, o nosso mal é este pensamento que não pára, e que tenta sempre impedir-nos de estar em paz, gozando da felicidade dos momentos.
É por isso que gosto do gerúndio. Com ele, dou continuidade às acções positivas, aos pensamentos felizes e dou continuidade aos sonhos e desejos. É o gerúndio que me arruma com os pretéritos, ainda que mais-que-perfeitos, e me embala para os futuros cheios de energias positivas.
Sorrindo, eu sei que vou atrair sorrisos; beijando, eu sei que vou despertar emoções, abraçando, eu sei que vou voar.
E sigo voando, e sigo despertando os sentidos, apurando cada vez mais a capacidade de amar, transformando os cépticos com a minha vontade, com a minha energia e força, preciso deles também, como se fossem o motor que desperta a minha entrega ao desafio.
Gosto de desafios, e desafiando os limites percebo que há sempre um voar mais alto, um sentir mais profundo, uma emoção mais intensa, há sempre mais no caminho, há sempre a descoberta que pensávamos já não ser possível, o ritmo mais sublime ainda, o toque mais à flor da pele e o sangue que ferve abaixo da epiderme e fluindo, nos dá vida e por isso, vamos vivendo... no gerúndio...

domingo, 22 de junho de 2014

Presente

Vida real, presente, o hoje, o agora...
São todos estes minutos que quando querem parecem horas e as vinte e quatro horas de um dia que se fazem em segundos tantas vezes.
O tempo corre quando não queremos, e pára  quando precisávamos que estagnasse.
Na inspiração é presente e na expiração já é passado, e este é um dos instantes mais curtos, o instante que queremos perpetuar e nos foge, escorrega, sem que o consigamos deter - como todos os instantes em que nos sentimos bem e felizes - aqui, se o processo parar no tempo, não nos resta senão morrer...
O meu hoje é pleno de imperativos e nem todos, ou quase nenhuns, são escolhas minhas. Vivemos, ou existimos, envoltos em obrigações, sobram-nos poucos momentos para o que realmente nos dá prazer, para aqueles de quem gostamos mas com quem queríamos estar a fazer coisas completamente diferentes.
Quando damos conta, já começou outro dia cheio do mesmo, cheio dos mesmo mecanismos já quase automáticos. Perde-se a intensidade, perde-se a paixão, perde-se lentamente o horizonte.
Não quero! Quero baralhar tudo e voltar a dar! Quero fugir à rotina onde, por vezes, até me sinto segura. Mas quero, quero ousar mais, sair da zona de conforto, sinto que preciso voar para que o futuro seja mais cheio de sorrisos, gargalhadas, e verdade, muita verdade de emoções e sentimentos..
Quero transformar esse futuro, em presente...




sexta-feira, 20 de junho de 2014

São saudades

É como se o coração tivesse uma espécie de papilas gustativas, responsáveis por discernir, filtrar e catalogar os impulsos eléctricos emitidos pelo cérebro e transformando em saudade os doces e em angústia os amargos.
Quero dizer-te que sinto saudades tuas, mesmo se te tenho em mim, gritá-lo como se de um Hino se tratasse, um Hino de alegria.
São saudades o que sinto, e é bom. E melhor ainda, porque não é triste. Hoje sorrio com a saudade que em outras alturas já me deitou ao chão. 
Brincam na minha barriga novamente as borboletas, enchem-se de cores pela metamorfose, geram o perfeito caos em mim, e novamente é bom.
É bom ter um sorriso estúpido no rosto de novo, é bom ter esta saudade que me faz sentir viva..

... melhor ainda será matá-la ...

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O amor tem dias tristes

Sou uma convicta crente de que na vida, tudo tem de ter o seu reverso. 
O amor também tem os seus dias tristes. Sendo, por norma, um significado Feliz, pelo menos o Amor como  eu o entendo (e não o que tanto se alvitra por aí, sem o ser), tem que ter os seus dias tristes, apenas e só para permitir que percebamos o real do seu valor, o quanto vale nos momentos em que tudo é fácil, e sorrisos e alegrias.
A tristeza faz parte. O que seria das baladas românticas se não houvesse dias tristes no amor, o que seria da poesia, das lágrimas, dos dramas, de Romeu e de Julieta?
Tenho o mesmo respeito pelos dias tristes no amor que tenho pelos felizes, e a certeza de que o que prevalece sempre, assim nós o queiramos e tenhamos sabedoria para tal, é a subtil e delicada consciência de que tudo é experiência, tudo é aprendizagem, tudo é sempre mais um passo dado na escadaria dos afectos, da construção de teias de entendimento.
Queremos sempre mais, queremos sempre tudo e esquecemos muitas vezes que, como dizia Ghandi, "não existe um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho"!
Vivamos pois os dias tristes no amor, sem preconceitos, sem culpas e sem medos, mas com esperança, com a convicção de que eles são necessários, porquanto não se sobreponham, em número, aos dias felizes...
Eu acredito!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Das esperas

Falar sobre esperas e não sentir a o sangue a correr-me nas veias não é possível. O calor que sobe e emerge à flor da pele, de dentro para fora e provoca algo como uma breve alucinação, rasgando os lábios num sorriso e trazendo aos olhos a emoção de uma lágrima nervosa e impaciente.
Faz-se de batimentos mais ou menos compassados o tempo que medeia a espera e o encontro, talvez porque o coração se muda temporariamente para a garganta dificultando a função de engolir, de respirar, doce ansiedade esta da espera pelo que é concreto, pelo que é verdadeiro - sempre uma primeira vez a cada novo encontro.
Já não me culpo mais de esperar tanto e sempre, não me culpo sequer de entregar as minhas emoções a quem me chega dentro da alma, brinca junto comigo e derrama também as suas emoções para se envolverem com as minhas num suave bailado de energia, de amor...
Já não me questiono sobre esperas, agora vivo-as intensamente porque me trazem, adornada de significado, a felicidade - sempre eterna enquanto dura! 
Não vou precisar esperar para sempre, mas esperarei o que for preciso enquanto tiver a consciência de que o caminho te traz até mim, e mais que o caminho... a vontade...

domingo, 15 de junho de 2014

Das noites quentes

Sabem a preguiça as noites quentes, onde sobram acções e o gesto mais repetido é o de sorver algum líquido estupidamente gelado enquanto o pensamento se distraí e procura o conforto fresco a menta, sempre presente em memórias de Verão.
Das memórias não quero as personagens, quero apenas filtrar os sentidos e dar largas às emoções, reescrever sentires e pulsações, projectar futuros felizes e intensos, plenos de descobertas e de vitórias embora não sem o o sal dos tropeções.
Nas noites quentes, gosto de ver as estrelas cadentes, nelas voam também os meus desejos, gosto de sentir aromas campestres, ouvir os sons que a natureza projecta quando o mundo se enche de silêncio - se pudesse ser sempre assim...
Trago-te sempre presente nas linhas do meu pensamento, na ponta dos dedos enquanto desfio estas palavras de travo doce e meigo. Traço linhas imaginárias na tua pele provocando um arrepio, percorro o teu rosto com as pontas dos dedos e sinto, enquanto fecho os olhos, que a tua presença é mais forte que o vazio do lugar a meu lado...
Há noites quentes cheias de nostalgia...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Filantropia

Esta não é só mais uma palavra cara, mas sim uma palavra que me é cara! Mais que uma palavra, um conceito, uma atitude, uma filosofia de vida. Não sou fã de palavras apenas pelo seu desenho figurativo no papel! De que nos servem palavras bonitas, esquisitas, engalanadas, quando as atitudes, as acções não acompanham!?
Não sou sempre a mesma, sou Humana, erro, e posso até, para minha vergonha, incorrer por vezes em alguns juízos fáceis e/ou errados. Falo mal de alguém porque estou enervada, demonstro o meu mau feitio pleno de ironias indisfarçáveis, sou dura, fria, é verdade... sou mesmo Humana. Sei porém que esta não é a regra que me rege, não é certamente o que me define. Não sou mais ou melhor que ninguém mas sou assumidamente alguém que busca com todas as forças o caminho da Filantropia.
Sou na maioria das vezes uma optimista, lanço, ou procuro lançar nas minhas atmosferas, sempre energias positivas, mesmo se às vezes por dentro tudo é escuro, tudo é negro. Faço-o por acreditar que realmente colheremos o que semeamos, que o Bem e o Amor mais cedo ou mais tarde vencerão, que o bem gera o bem, e que maus pensamentos só podem trazer más consequências.
São dias estranhos estes que nos atravessam a vida, cheios de acontecimentos que se me afiguram despropositados, cruéis, desvirtuados e esvaziados do essencial.
Mas acredito, com toda a força do meu bem querer, que o Homem na sua condição de Humano, mesmo que nem sempre a saiba honrar, vai perceber, que todos precisamos uns dos outros, e que a máquina Global que é a Humanidade não sobreviverá plena de dignidade se não ousarmos, um e cada um de nós, perseguir o bem para todos, e para os outros...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Coração ao alto

Aquele momento intenso e fugaz em que me assaltas o pensamento e permaneces - uma vertigem!
Como pode a permanência ser tão fugaz?
Respiro-te num breve sopro, alimento-me das tuas palavras e do teu toque antes que de novo me escapes. Na verdade nunca me escapas efectivamente, marcando na minha alma o teu lugar de forma indelével. É disto que me alimento, das emoções e sensações que me despertas, do arrepiar da pele, dos risos e gargalhadas incontidos, do carinho.
Sou espectadora interessada de ti, ouvinte atenta. Sabes que mesmo quando não te entendo eu estou ao teu lado e o tempo, se o houver, se encarregará de ajustar as nossas diferenças sem desvirtuar as nossas personalidades. Cresceremos juntos em alma e idade, na vertigem de um amor por descobrir.
Não adianta, sou fã incondicional da vida em montanha russa de emoções, e esta vertigem, permanente na sua inconstância, que trazes à minha vida, de novo me prova de que não adianta lutar contra.
Encho o peito de ar, ergo, como sempre, a cabeça, e...  coração ao alto... 



domingo, 8 de junho de 2014

Sorrir

Trago comigo a inquietude dos dias, de todos os batimentos dos corações do Mundo, a frágil mas permanente busca de um sorriso, que encontro perdido no véu da ternura.
Sei de mim, dos que me são e dos que me têm, que me levam por inteiro na mais pura forma do seu sentir, que me mostram, cada um à sua maneira, que este é o caminho, não desprovido de trilhos, armadilhas ou precipícios, que devo sempre continuar a palmilhar, porque as feridas acabam sempre por naturalmente sarar.
A vida surpreende-me, presenteia-me com presenças, reminiscências do passado que trazem à minha realidade a felicidade ausente. Sinto o vento, vou com ele, planando em todos os sentidos. Dou de mim, recolho-me inteira, ofereço amor e sorrisos avulsos, beijos e abraços mudos, e encontro um lugar de paz, no colo que me devolve e me revolve e não me deixa mais olhar para trás.
Não sei o que me reserva o futuro, sei que as letras vieram brincando até mim, riram e formaram as palavras que agora desenham este meu sentir. Sei que não estou só e que o descobri, que hoje só tenho razões para sorrir, e das inseguranças que teimam em beliscar, não tenho medo, apenas respeito e a ansiedade boa do que está por vir.
Encaro e avanço, com passos mais ou menos firmes, mais ou menos decididos, mas com a certeza de que, por muito que me possa afastar, esconder ou até fugir, este é o lugar, este é o momento, esta é a razão de ter voltado a Sorrir.