O meu livro garrafa

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Depois...

Depois, nada se extingue com a partida. [é assim que cantam as chamas dentro do meu peito]
No depois acendem-se de novo as ausências, como se em permanência me quisessem castigar - sorrio-lhes! - Porque não é disso que se trata.
Depois, chegas de novo e deixas-me continuar a sonhar. Para sonhar, embalo-me na tua pele como se quisesse os teus sonhos a papel químico no meu corpo. Sonha comigo os mesmos sonhos para que depois, retornemos ao plano das emoções longínquas, de todas as estradas que nos separam e de todas as pontes que existem entre nós.
Depois, retiro-me no odor inebriante do teu corpo e perpetuo o teu abraço de alma. E os meus olhos sorriem o sorriso mais puro da sintonia. É sempre assim, depois.
E depois, queima-se-me o corpo, arde-me a pele da falta e dentro do coração todos os pássaros acordam e levantam voo, e as veias que me riscam o ser quase desatam a chorar. [é assim que o sangue me corre cá dentro]
Depois, fico eu. [a tua...]
Depois, ficas tu. [o meu...]

Para sempre, depois...

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Afinadora de palavras

Nem sempre a composição de palavras surge da forma mais bonita, ou com o sentido mais  sublime. 
As palavras vestem de forma mais ou menos inequívoca, o que somos, e não somos sempre felizes, ou não somos sempre tristes, somos um turbilhão de emoções a ser explorado e um poço de peculiaridades a ser desvendado. 
Há sempre de nós, mesmo numa total ficção, e como tal, poucos são os textos que considero ficção, ainda que possam ser ficcionados .
A forma como se misturam as palavras e a forma como fazemos uso dos tempos verbais para as servir, faz lembrar que também as composições de palavras devem ser afinadas por forma a que lhes sejam impressas com assertividade os sentidos. Palavras também se cheiram, também se saboreiam, podem ser música ou podem ser facas que sentimos cravarem-se no peito, carícias ou murros, sorrisos ou lágrimas...
Afino as minhas palavras à minha imagem, estas são minhas, visto-as de variados sentidos mas só eu sei o que estou a pensar e a sentir ao escrevê-las. A mesma composição de palavras pode no entanto, ao ser lida, suscitar sentidos completamente diferentes dos que lhe imprimi, porque tudo depende da sensibilidade de quem lê, e essa deixa de ser a minha responsabilidade e também deixam de ser as minhas palavras, para passarem a ser as palavras de quem lê.
Não sou escritora. Sou afinadora de palavras, apaixonada por elas e pelo que podem gerar e/ou transformar se forem bem afinadas...